A imprensa mundial o compara a Os pássaros de Hitchcock e ao melhor de
Stephen King. Não é uma comparação equivocada, quando um novo autor de terror
psicológico entra em cena é inevitável pensar nos dois principais nomes do
gênero, um do gênero cinematográfico e o outro do gênero literário. A situação
é exatamente igual quando surge uma nova banda de rock, impossível não comparar
com Beatles, ou quando surge um novo astro pop, pensamos logo nas semelhanças
com Madonna e Michael Jackson. É da natureza humana fazer conexões e
comparações. A semelhança com King se restringe ao campo da escrita, como
sabemos o mesmo é mestre em fazer seus leitores prenderem o fôlego e não dormirem até alcançarem a linha de chegada da última página, então não seria nenhuma
surpresa que Josh acompanhasse seus passos ou tivesse na pessoa de Stephen uma
grande influencia.
Já a semelhança com Hitchcock não
se restringe à maestria de criar um grande suspense psicológico. A afinidade é
mais sutil, quem assistiu Os pássaros sabe do que estou falando, no filme de
Alfred, eles são os protagonistas da história, já no livro de Josh eles estão
dentro de uma caixa, mas, nem por isso deixam de ter um papel importante no
desenvolvimento da trama.
Como somos humanos, vamos às
conexões: No filme de Alfred, pássaros, de todos os tipos, atacam pessoas de um
vilarejo litorâneo sem nenhum motivo aparente. No livro de Josh os pássaros
dentro da caixa são uma espécie de alarme para a presença de algo lá fora, mas,
os pássaros-alarme não são como os que habitam o mundo externo, estes que já
olharam diretamente para a “criatura” perderam o controle, assim como os
humanos. E, apesar de o livro não mencionar quais são as criaturas e o motivo de
as pessoas enlouquecerem ao olharem para elas, assim como no filme onde
nada é explicado, Caixa de pássaros
tem uma vantagem: ele nos leva a divagar sobre tudo isso, essa é a graça da
história, o próprio leitor construir a sua própria teoria, além do mais, não
sabermos e criarmos nós mesmos os motivos torna tudo mais aterrorizante,
enquanto que o filme de Hitchcock parece um filme trash de ataque de animais
sem motivo, uma versão cool de o ataque
dos vermes malditos.
Outra coisa muito interessante a
cerca do livro é que, sempre que eu leio uma história de terror eu fico com
medo de fechar meus olhos pra dormir, e aqui, nesta história, o inverso acontece,
o medo é de abrir os olhos, é impressionante como um livro de um gênero tão
subvalorizado tem uma metáfora tão bonita: às vezes abrir os olhos e encarar a
realidade como ela é pode ser a coisa mais assustadora que um ser humano pode
fazer.
Como este é o primeiro romance de
Josh Malerman, estou impressionada e empolgada com o que de novo pode vir de um
gênero em que se pensa que já se falou de tudo. Josh querido, você tinha minha
curiosidade, agora você tem minha atenção – como diria Django.
Nenhum comentário:
Postar um comentário