Durante minha maratona para
assistir os indicados ao OSCAR de melhor filme, coincidiu de eu assistir
Spotlight durante a minha leitura de A garota
na teia de aranha, o que traça um paralelo interessantíssimo, pois, ambos
são o retrato do jornalismo investigativo. O segundo é a continuação da
trilogia Millennium (que será devidamente destrinchado em um próximo post), o
primeiro é sobre a equipe de jornalismo que denunciou a pedofilia dos padres
católicos na cidade de Boston e o acobertamento pela alta cúpula católica.
Quando adolescente, teve uma
época que eu sonhava em ser jornalista, sempre me comoveu a questão de ser a
voz da sociedade, ainda mais nos dias de hoje em que sabemos que a justiça, por
muitas vezes, só é feita quando alardeada aos quatro cantos, seja pela
imprensa, seja pelas redes sociais. O poder da mídia é tão grande que, a
primeira atitude de governos ditadores é acabar com a liberdade de expressão.
Além de tudo isso, assomava meu prazer por escrever, sempre fui fã das
palavras, ao contrário da banda Depeche Mode, enjoy the silence* nunca foi a
minha praia. Como o sonho de jornalismo nunca passou para o campo da realidade,
sempre acabo encontrando um tempinho para minha paixão pelas letrinhas. É como
deixar uma marca para posteridade. Eu não sei se um dia conseguirei isso, mas,
a equipe de Spotlight com certeza
escreveu seu nome na história.
Aliás, Spotlight era o nome da equipe de quatro jornalistas do jornal
Boston Globe, sendo eles: Walter Robinson, Michael Rezendes, Sacha Pfeiffer e
Matt Carroll (sempre é bom citar o nome destes heróis do jornalismo), que
investigou e denunciou aproximadamente 90 padres envolvidos em pedofilia e
sistematicamente acobertados pela Igreja. A reportagem à época rendeu ao grupo
o prêmio Pulitzer, prêmio norte-americano outorgado a pessoas que realizem
trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical.
A história tem elementos que a
Academia gosta, além disso, está na moda filmes baseado em fatos reais, pois,
parece que a vida real está bem mais interessante do que a imaginação dos
roteiristas. Apesar disso, não é um filme fácil de ser assistido e está longe
de ser uma história facilmente digerida, eu mesma saí do cinema com uma
sensação que nem sei explicar direito, na falta de palavras seria como se um
enorme peso estivesse esmagando meu coração, mas, talvez o papel do jornalismo
seja isso mesmo, falar aquilo que ninguém quer ouvir ou muito menos falar,
pois, como diz George Orwell, jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer
que se publique. Todo o resto é publicidade.
Indicações ao OSCAR: Melhor
filme, Melhor diretor, Melhor roteiro original, Melhor montagem, Melhor atriz coadjuvante
para Rachel McAdams e Melhor ator coadjuvante para Mark Ruffalo
*enjoy the silence é uma
canção da banda Depeche Mode, que literalmente quer dizer apreciar o silêncio
Nenhum comentário:
Postar um comentário