Recentemente vi uma citação do
New Statesman, que diz: “Uma vez na vida,
cruzamos com um autor tão extraordinário que afeta a imaginação de gerações.
Lewis Carroll, E. Nesbit, C.S. Lewis e Tolkien eram todos dessa linhagem.
Philip Pullman também.” E eu concordo totalmente com a citação, apenas
acrescentaria Douglas Adams na lista.
Assim como seu conterrâneo
britânico, o autor da trilogia Fronteiras do Universo é diferente de tudo que
já li, é único, e para resumir todo o blá blá blá em uma palavra: ousado. Pois,
se é difícil escrever sobre fantasia, sobre religião é quase uma cruzada. É uma
pena que o primeiro filme da saga não correspondeu em bilheteria à altura da
história, pois se o primeiro livro é muito bom, o segundo livro é de tirar o
fôlego, literalmente. Muitas vezes me peguei quase segurando a respiração,
atropelando as palavras para poder chegar ao final do livro, e olha que estava
lendo o mesmo pela segunda vez, então já podem imaginar a minha primeira vez.
Além da história surpreendente, o
que me espanta é termos um livro infanto-juvenil, publicado originalmente em
1997, que corajosamente dá um tapa na cara da igreja e seus supostos agentes da
paz que usam o nome de seu deus para cometer as piores atrocidades da história
da humanidade. E com um misto de fantasia e, um toque de Supernatural, Philip nos envolve na trama até a última linha. Não
me assombraria se a trilogia fosse proibida em alguns países, até deve ser, e
agora faço uma pausa para agradecer ao meu Deus por viver em um país onde ainda
há liberdade de expressão, ainda... E para os que anseiam a volta da ditadura,
um aviso: as mais terríveis crueldades são cometidas em nome de o conhecimento
ficar somente na mão de alguns. E qualquer ditadura é ruim, seja ela militar,
religiosa ou filosófica. É melhor querer ter uma ideologia pra viver, do que
ter que engolir uma goela abaixo. Aliás, depois desta leitura, vale a pena
passear pelo clássico Em nome da Rosa
de Umberto Eco. Ou simplesmente passeie pelos nossos livros de história, da
época medieval ao islamismo extremo, a ficção e a realidade está escrita com
manchas de sangue.
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