terça-feira, 16 de junho de 2015

A faca sutil - Philip Pullman





Recentemente vi uma citação do New Statesman, que diz: “Uma vez na vida, cruzamos com um autor tão extraordinário que afeta a imaginação de gerações. Lewis Carroll, E. Nesbit, C.S. Lewis e Tolkien eram todos dessa linhagem. Philip Pullman também.” E eu concordo totalmente com a citação, apenas acrescentaria Douglas Adams na lista.
Assim como seu conterrâneo britânico, o autor da trilogia Fronteiras do Universo é diferente de tudo que já li, é único, e para resumir todo o blá blá blá em uma palavra: ousado. Pois, se é difícil escrever sobre fantasia, sobre religião é quase uma cruzada. É uma pena que o primeiro filme da saga não correspondeu em bilheteria à altura da história, pois se o primeiro livro é muito bom, o segundo livro é de tirar o fôlego, literalmente. Muitas vezes me peguei quase segurando a respiração, atropelando as palavras para poder chegar ao final do livro, e olha que estava lendo o mesmo pela segunda vez, então já podem imaginar a minha primeira vez.
Além da história surpreendente, o que me espanta é termos um livro infanto-juvenil, publicado originalmente em 1997, que corajosamente dá um tapa na cara da igreja e seus supostos agentes da paz que usam o nome de seu deus para cometer as piores atrocidades da história da humanidade. E com um misto de fantasia e, um toque de Supernatural, Philip nos envolve na trama até a última linha. Não me assombraria se a trilogia fosse proibida em alguns países, até deve ser, e agora faço uma pausa para agradecer ao meu Deus por viver em um país onde ainda há liberdade de expressão, ainda... E para os que anseiam a volta da ditadura, um aviso: as mais terríveis crueldades são cometidas em nome de o conhecimento ficar somente na mão de alguns. E qualquer ditadura é ruim, seja ela militar, religiosa ou filosófica. É melhor querer ter uma ideologia pra viver, do que ter que engolir uma goela abaixo. Aliás, depois desta leitura, vale a pena passear pelo clássico Em nome da Rosa de Umberto Eco. Ou simplesmente passeie pelos nossos livros de história, da época medieval ao islamismo extremo, a ficção e a realidade está escrita com manchas de sangue.

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