segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Monte Roraima - Altas Aventuras

Esta é a primeira vez que abordo o assunto viagem neste blog. Faz parte de um projeto que sonho em colocar em prática, um blog que une minhas três paixões: livros, cinema e viagens. A ideia é ter um blog voltado para roteiros turísticos baseados na literatura e nos filmes. Por isso, este primeiro post. Para contar um pouco sobre minhas altas aventuras. Como é conhecer o set da vida real do filme de animação da Disney, ganhador do Oscar..., Up altas aventuras.
Para quem não sabe, ou não se ligou quando assistiu o filme, pois o mesmo só fala em América do Sul, não especifica o local, o senhor tão simpático protagonista do filme tem um sonho de levar sua casa até o topo do Monte Roraima, com balões e muito lirismo ele consegue seu intento passando por várias aventuras antes disso. Esquecendo agora a fantasia, segue abaixo a vida real, que na maioria das vezes é mais surpreendente que Hollywood.

Dia 1 (12/01/2015):
Há cerca de um ano venho programando uma viagem ao Monte Roraima, finalmente no mês de janeiro chegou o grande dia, depois de fechar com a agência Roraima Adventures a cerca de 4 meses, exatamente no dia 12 de janeiro de 2015 começou a jornada, primeiro com um voo de 50 minutos até Boa Vista. Aliás a capital de Roraima é uma ótima pedida para quem gosta de cidades tranquilas, lembrando uma cidade aconchegante do interior. Este foi o dia do briefing (uma espécie de preparação para o que íamos encontrar) e confesso que foi uma mistura de ansiedade e medo, principalmente com os animaizinhos mostrados (como cobras, escorpiões, aranhas, nada de bichinhos fofinhos como o Kevin, para não ser injusta apareceu uma borboletinha no fim da apresentação) mas, não era hora de voltar atrás, os sentimentos eram tantos que mal dormi durante a noite. Saber que daqui a alguns minutos estaria a caminho do Monte revirava minha cabeça e o meu estômago.

Hotel Aiplana Plaza - Boa Vista RR
Dia 2 (13/01/2015):
De madrugada a caminho da Venezuela tudo era festa, tive a sorte de dividir a experiência com pessoas fantásticas, inclusive com o apresentador do programa O Mochileiro da Tv Gazeta Daniel Thompson, que só tornaram tudo mais incrível. Após algumas horas até a Venezuela, uma pequena parada nas alfândegas para dar aquela carimbada nos passaportes, e chegando na Venezuela uma parada relâmpago para a troca de carros, a van foi deixada para trás e embarcamos em uma 4x4, era hora de dar tchau ao conforto em direção ao primeiro passo rumo ao Monte: a comunidade indígena de Paraitepuy. Confesso que o primeiro e o último dia foram os mais difíceis para mim. Começamos a caminhada de 15 km, com nada menos que o sol de meio dia em nossas cabeças e na primeira ladeira passei mal e eliminei o sanduíche de queijo, iguaria que nos foi fornecida como almoço, era o primeiro desafio de eliminação, mas eu não iria desistir na primeira prova de resistência, pois o acampamento Rio Tek me esperava.

Pausa para hidratação e para contemplar o gigante ao fundo
 
Dia 03 (14/01/2015):
Segundo dia de caminhada, do Rio Tek para a base do Monte Roraima, depois da noite mal dormida em barracas e o estresse com os carregadores (o que acontece sempre no primeiro dia, como temos que pagar a metade do serviço na comunidade indígena, os carregadores ficam bebendo antes de levar nossas coisas, resultado é que chegamos primeiro e como temos que tomar banho logo por causa do anoitecer e do frio, ficamos com a roupa molhada até eles chegarem com nossas bagagens, a barraca então nem se fala, junto com a comida chegaram bem depois, então era cansaço, fome e frio, logo na primeira noite, mais uma prova do líder vamos dizer assim) era hora de ficar mais pertinho do Monte. Foi um dos melhores dias para mim, as fotos ficaram lindas com a colaboração de um sol radiante e estava me sentindo como um hobbit caminhando em meio à Terra Média. O único probleminha foi uma sinusite devido a altitude mas, o que me tirou o fôlego mesmo foi a paisagem do Monte Roraima. Inesquecível.

Acampamento Rio Tek





Dia 04 (15/01/2015):
Sem dúvida um dos amanheceres mais lindos que já presenciei, de Senhor dos Anéis para Up altas aventuras, pena que não tinha balões para levar-nos até lá, somente nosso par de pernas. Foi a caminhada que mais curti pois era fresco e bosqueado, lembrava minhas caminhadas de infância no interior de Rondônia. A única tensão foi no Paso das Lagrimas. uma trilha abaixo da cachoeira, com pedras lisas e um desfiladeiro no lado esquerdo, me concentrei no caminho na minha frente, rezando durante todo os 10 minutos de lágrimas, até ser compensada por uma incrível vista, finalmente eu estava ali, no topo do Monte Roraima, depois de 9 Km de subida intensa, difícil conseguir segurar tanta emoção, chorei, eu tinha conseguido, estava no segundo lugar mais alto do meu país, é como nascer de novo e contemplar o mundo pela primeira vez.

Acampamento Base do Monte com o Paso das Lagirmas acima da minha cabeça
Dia 05 (16/01/2015):
Infelizmente os dois dias no topo foram de muita chuva e neblina. As fotos que mais ansiava tirar: sentada contemplando a paisagem de nuvens deu lugar a fotos no meio da chuva com nada a vista além da neblina, acompanhada da minha capa amarela, me sentindo no episódio das cataratas do pica pau. Neste dia fiz o passeio mais curto de 8 Km, visitando três locais: as catedrais de rocha, La Ventana e as jaccuzi (difícil era entrar na água com a temperatura beirando 0 graus Celsius). Na volta ao acampamento o sol resolveu aparecer para minutos depois desaparecer em meio as nuvens e mais chuva.

Jaccuzis no topo do Monte Roraima
Dia 06 (17/01/2015):
Reza a lenda que quem grita no topo do Monte Roraima é recebido com chuvas intensas que dificultam sua jornada, para os nativos aquele lugar é sagrado e o respeito ao lugar é demonstrado através do seu silêncio, pois o silêncio demonstra reverência. Nos dois dias que estive no topo tive vontade de socar quem havia gritado e estragado as fotos dos dois dias lá em cima mas, no dia 17 não era mais dia para pensar nisso e sim era tempo de fazer em um dia de caminhada o que tinha sido feito em dois ao subir, haja joelho para os 21 Km de volta ao começo, ao ponto do fim. Rio Tek, uma cerveja gelada nos esperava, gelada é exagero mas, com tudo o que passamos, qualquer drink servia para brindar Saúde.

Topo do Monte Roraima
Dia 07 (18/01/2015):
Hora de voltar para casa, o dia mais difícil para mim, em todos os sentidos. Difícil olhar pra trás e contemplar o Monte pela última vez e como em despedida e para selar a paz um lindo arco-íris foi nos oferecido. Difícil pois minha alergia a mosquito tinha aumentado e estava vermelho e irritado. Difícil pois o sol de rachar estava inflamando as alergias. Difícil pois o cansaço acumulado cobrava o seu preço fazendo minhas pernas incharem. Difícil pois eu ainda tinha um longo caminho pela frente até Manaus. Tem uma frase da Lya Luft que resume bem a jornada ao Monte Roraima: "Acho que a vida é um processo... É como subir uma montanha. Mesmo que no fim não se esteja tão forte fisicamente, a paisagem visualizada é melhor" .

Monte Roraima, um lugar mágico
*Agradecimentos à Agência Roraima Adventures por proporcionar esta aventura, aos companheiros desta jornada incrível e aos que um dia sonham em conhecer o Monte Roraima.

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