domingo, 16 de março de 2014

A menina que roubava livros


"Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler"

Palavras escritas na contracapa do livro podem te conduzir a várias impressões, algumas errôneas, algumas totalmente verdadeiras.
A frase acima, sem sombra de dúvidas, causa no leitor uma sensação sombria, porém, como não falar de Hitler sem causar um arrepio na espinha? Ou vários?
Ao ler as primeiras linhas da Menina que roubava livros, tive um deja vú literário... Inevitável não comparar com meu livro favorito... Como uma Machadiana de carteirinha, a narrativa lembrou-me Memórias Póstumas de Brás Cubas (abre parênteses para quem não conhece esta obra prima brasileira, pare tudo o que estiver fazendo, ou lendo e nem pense em começar o livro ao qual este blog se refere, sem ter lido a vida de Brás Cubas). Enquanto que a Morte discorre a vida de Liesel Meminger, em Brás Cubas temos um morto que nos fala. Ambos sombrios, ambos espetaculares. Entretanto, como sou brasileira e como Machado veio primeiro, fico com Brás.
Mas, chega de devaneios a cerca de meu livro favorito, senão teremos mais um post tendencioso, devo confessar que é difícil manter a imparcialidade quando estamos diante do que mais amamos.
E o amor pela leitura me trouxe esta ladra de livros. Quando penso que mais uma história sobre a segunda guerra foi escrita, geralmente perpassa em minha cabeça que não há mais nada de novo a ser dito... Daí aparece Markus Zusak e mostra que para cada regra, há uma exceção.
Apenas uma história sobre uma menina, algumas palavras, um arcodeonista, uns alemães fanáticos, um lutador judeu e uma porção de roubos.
E uma narrativa que as vezes parece simples, vem permeada de complexidade. Assim são as palavras, capazes de construir Hitlers mas, também capazes de construir Zusaks. Neste contexto, fico com a Morte: "constantemente superestimo e subestimo a raça humana - raras vezes simplesmente a estimo. Como uma mesma coisa pode ser tão medonha e tão gloriosa, e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes? Os seres humanos me assustam".
Um abre aspas para dizer que ontem fui ao cinema ver as palavras serem transformadas em imagens, e se um dia por ventura topar com alguém responsável pelo filme terei que perguntar por que cargas d' água uma história que se passa na Alemanha nazista foi contada em inglês? Por isso, no final, sempre fico com as palavras, mesmo que elas me levem ao sofrimento de um campo de concentração, porém como eterna otimista que sou, sei que ela me levará ao pote de ouro no fim do arco íris. 
*Palavras apenas, palavras pequenas, palavras...

*trecho da música Palavras ao vento de Cássia Eller


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