segunda-feira, 25 de abril de 2016

Spartacus




*Atenção, a parte oculta contém spoiler, para ler basta selecionar o texto com o mouse. 
Spartacus (em latim e conforme soletração da série) ou Espártaco, foi um gladiador de origem trácia (atualmente divida entre Grécia, Turquia e Bulgária), líder da mais célebre revolta de escravos na Roma antiga, por volta de 73 a.c.
Particularmente, tenho apreço por séries históricas, aquele gostinho de isso já aconteceu dá sempre um tempero a mais. Sem contar que sempre fui fascinada pela matéria, uma das minhas preferidas na época escolar. No que toca as raízes históricas a série é bastante fiel ao que existe documentado sobre o escravo. É claro que iremos encontrar uma ou outra modificação lírica para prender a atenção do telespectador, como por exemplo, na cena final da série quando Spartacus, em seus últimos suspiros, faz um belo discurso a cerca da liberdade e a importância de morrer como um homem livre e, em seguida seus seguidores e amigos fazem seu enterro aos pés dos alpes suíços (em terras livres do domínio romano), na realidade, na batalha que determinou sua queda, contra Crasso, seu corpo nunca foi descoberto, ficando assim sem sepultura no campo de batalha. Porém, todas as modificações realizadas contribuíram para a dinâmica e fluidez da série. É para agradar gregos e troianos, homens (com sequências insanas de sangue e sexo) e mulheres (com histórias de amor e liberdade).
A série da Starz, traz ainda, elementos gráficos interessantes, no estilo do filme 300, o que a torna uma mistura de película e quadrinhos, o que dá uma certa suavizada nas cenas de sangue e tripas para os estômagos fracos, mas nem por isso deixa de ser  algo real, crível, pelo contrário, as cenas em câmera lenta de violência e terror é de fazer as pessoas desviarem os olhares diante de tanta bestialidade.
Uma vez li um artigo interessante que fala como um povo que é subjugado por outro pode se tornar tão (ou mais) opressor quando se torna o subjugador, e o artigo dava como exemplo os judeus, um povo intensamente torturado e ferido, de forma grotesca, pelo nazismo, e hoje pratica atrocidades no mesmo nível contra os palestinos. Diante deste cenário, você consegue entender o porquê de pessoas com ideais tão bonitos quanto os de Spartacus e cia, se tornarem verdadeiros animais em campo de batalha. A ferida dos grilhões dificilmente é apagada da mente dos torturados, o corpo se recupera, cicatriza mas, a mente dificilmente sara. É por isso que nas palavras de autores antigos há tanta divergência sobre o mesmo ser humano, nas palavras de Foro Spartacus não passava de um mercenário, desertor, bandido, promovido a gladiador por sua força, nas palavras de Plutarco um homem inteligente e culto, mais helênico do que bárbaro.
Assistam a série e tirem suas conclusões, eu torci a série inteira pelo fazedor de chuva, para mim ele é um exemplo do que todo mundo deveria ser: um guerreiro, não aquele que desembainha a espada e corta as cabeças mas, aquele que não desiste mesmo sangrando e ferido e luta pelo que é bom até o último sopro de oxigênio sair de seus pulmões.

*esse post é dedicado a todos que fizeram parte desta série épica, em especial o ator Andy Whitfield, interprete de Spartacus na primeira temporada da série e que infelizmente teve que abandonar a série devido a um linfoma não Hodgkin, falecendo 18 meses depois de descoberta a doença.

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